PAULO CEZAR TIMM
( Brasil – Rio de Janeiro )
Nasceu no Rio de Janeiro em 11/09/1944.
Economista, formado pela UFRGS. Pós-graduado na ESCOLATINA, Universidad de Chile, e CEPAL/BNDES.
Professor universitário na Universidade de Brasília – UnB.
Técnico do IPEA, órgão do Ministério do Planejamento, Brasília.
Livros publicados: Brasília, o direito à esperança, Brasília, DF 1990 e Brasilianas, Brasília: Paralelo 15, 1998. Eternidade, Poesia de Bolso, vol. O3. Torres: Mottironi, 2014, As Curvas D 2018; O Mampituba, crônicas e história. Torres: Mottironi, 2015. Canto dos Olhos, poesia, inédito.
Suplente de Senador da Cultura pelo Estado do Rio Grande do Sul ao Congresso da Sociedade de Cultura Latina do Brasil -SCLB.
I COLETÂNEA POÉTICA DA SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DO BRASIL construindo pontes. Dilercy Aragão Adler (Organizadora). São Luís: Academia Ludovicense de Letras – ALI, 2018. 298 p. ISBN 978-85-68280-12-6 No 10 353
PÍLULAS CAMONIANAS 03
Por tudo se descuida o meu cuidado
E busco em luzente Olimpo oscuridade
Trago sempre no mais danoso, mais cuidado
Um sempre ter com quem nos mata lealdade...
Vivo em lembranças, morro de esquecido
Te vejo e vi, me vês agora e viste,
Nestes (...) olhos claros, escondido
Turvo te veja a ti, tu a mim triste.
Estranho mal! Estranha desventura!
Se de todo, contudo, está o lado
N´os dias ajudados da ventura
Paga o zelo maior de seu cuidado
Em toda condição em todo estado
Ou gostos que eu tiver, enquanto dura
MORRE-SE
Morre-se de tudo. Ou de qualquer coisa.
Morre-se de repente, de bala perdidas, ou num acesso de riso
incontido,
Morre-se até do nada:
“Ia o transeunte lépido e concentrado em si mesmo quando caiu
duro.”
Até hoje procuram a causa.
Morre-se da maldade alheia, se nos colhem suas malhas.
E se morre por excesso de compaixão.
“Então, por gentileza, eu morri sem que meu corpo pudesse vingar-se
dos ferimentos recebidos...”
Morre-se assim, morre-se assado.
Morre-se até envenenado pela própria língua.
Manda ver!
Exsurge a morte quando se menos espera e a palavra corta.
Ou se extingue a vida lentamente quando pré-datada...
Pior do que a morte, porém, é o corredor da morte
No seu Sing Sing, principalmente
todos se consideram inocentes e denunciam juízes corruptos e
advogados preguiçosos.
O que seu eu, pois, da minha própria morte?
Mas se tiver que vir por Deus, venha docemente,
como os lábios das mulheres que amei,
a vida que contemplei.
goles de bons vinhos que bebi,
folhas dos livros que li,
baforadas dos charutos que curti com o meu filho dileto.
O tempo não é, dá-se...
Assim como em Sin Sing
O principal / mente:
a clausura para a morte, a própria Língua.
QUERER-TE
Como me custa querer-te!
Como me custa!
Penso num cento,
Penso num cesto,
E já nem penso, me dispenso.
Como me custa querer-te!
Como me custa!
Sento para pensar,
Sento para passar,
E já não posso, me destroço.
Como me custa querer-te!
Como me custa!
Há muito não penso,
Há muito não posso,
E já nada faço, me desfaço.
Como me custa querer-te!
Como me custa!
Nem sei se te quero
Nem sei se te espero
O único que sei é que me desespero....
SABORES, SABERES...
Todo mundo sabe:
Ninguém nasce sabendo,
A vida se aprende vivendo.
Sabe-se aprendendo a viver.
E quem vive sabe também
que melhor sabe a vida
quando se sabe ler,
E muito mais ainda
quando se sabe escreve.
O TOQUE DO POETA
O poeta
Não é
Nem nunca foi
Nem será
Senão de versos.
Nele se oculta
E eles o consomem
Reduzindo-o
À mais absoluta nulidade
Afim de que
Tudo o que é mais desgraçado
Ao seu mero toque
Ganhe inconsútil graça
E tudo o que é finito
Se imobilize.
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Página publicada em março de 2025.
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